carla rebelo
Um movimento quase imperceptível que tem a ver com o voo
Carla Rebelo
Um movimento quase imperceptível que tem a ver com o voo é a primeira exposição individual de trabalhos de Escultura e Instalação de Carla Rebelo em Lisboa e também a primeira colaboração desta artista com a Galeria Monumental.
A artista expõe um conjunto de obras inéditas, algumas das quais construídas propositadamente para o espaço da Galeria, e ainda uma peça de 2010 e duas de 2013. A viagem é o conceito unificador desta exposição. Entendida como viagem efectiva com tudo o que nela se descobre e encontra mas também enquanto viagem interior em territórios da memória e da imaginação.
Inserido no projecto iniciado em 2010 e denominado “ Viagem ao interior das cidades vividas”, em que a viagem é o ponto de partida para trabalhar a memória a partir da experiência vivida no local, é apresentada uma peça ligada à cidade de Berlim e também um vídeo/escultura e uma instalação ligada à cidade de Kronstadt em São Petersburgo, Rússia. Estes trabalhos surgem na sequência de períodos de pesquisa nestas cidades, tendo o último sido realizado no contexto de uma residência artística através do Centro Nacional de Arte Contemporânea de São Petersburgo.
Para além destas peças o conceito acima citado aparece associado a duas personagens que por si só condensam a ideia de viagem nos dois sentidos trabalhados na exposição: Penélope e Ulisses da Odisseia de Homero. Duas peças associadas por meios formais, materiais e de posicionamento espacial na Galeria fazem referência a estas duas forças opostas e complementares. Ulisses personifica o guerreiro viajante, aquele que descobre, que abre caminho, faz a viagem no espaço e no tempo, modifica os locais por onde passa, faz História, faz a Memória. Penélope é a força oposta. É a personagem que fica e imagina, que viaja no seu mundo interior, tece para alimentar o seu desejo e fâ-lo simultaneamente com uma força criativa e destrutiva, de dia tece e à noite desmancha. A sua viagem é interior e o seu território é ela que o constrói e desconstrói.
Carla Rebelo
Setembro de 2014