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Texto da Exposição Viagem ao interior das cidades imaginadas, Octávia

Round the Corner, Lisboa, 2009

Curadoria e texto de Ana Pinheiro Torres 

 

Esta exposição constitui a segunda fase de um projecto que Carla Rebelo vem elaborando a partir do livro de Italo Calvino As cidades Invisíveis, materializando uma sucessão de trabalhos, essencialmente instalações. Este projecto teve o seu início numa exposição realizada em Março deste ano, onde a artista apresentou os três primeiros trabalhos desta série. Tendo como referência Endóxia, a cidade-tapete, a artista criou Inner city, uma instalação construída a partir de uma relação de memória e fisicalidade com a sua cidade de origem, Lisboa, e que constitui um mapa emocional da sua geografia pessoal. Em da memória dos espaços e das relações, foi Ersilia a cidade que esteve na origem da criação de um espaço de habitação definido por fios, simbolizando a memória das suas vivências e das relações dos “personagens” que o viveram. Finalmente em As cidades e o céu o ponto de partida foi Tecla, a cidade que quer construir-se à imagem do desenho das estrelas. Foi criada uma instalação onde um céu estrelado desenhado a partir da forma das constelações, definia simultâneamente os caminhos que evocavam a planta de uma cidade.

 

Na presente exposição, Viagem ao interior das cidades imaginadas, foi escolhida Octávia, a cidade teia de aranha como ponto de partida. Neste novo trabalho Carla Rebelo retoma a temática da malha urbana, agora enquanto tessitura - as ruas e caminhos constituem um rede cuja construção parece propositadamente elaborada para prender. Há uma ordem racional e lógica que preside à construção das teias de aranha - os pontos de apoio e de tensão são meticulosamente avaliados, obedecendo a uma necessidade de organização. A mesma ordem que preside à construção das cidades. Analogamente esta peça é construída no espaço de exposição com pontos de apoio cuidadosamente escolhidos, recorrendo a fio vermelho, o que sugere novamente uma geografia interna, a do próprio corpo. O observador, impedido de circular livremente no espaço fica simultâneamente dentro e fora da teia.

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